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Nuno Bragança
(1929-1985)
Publicou um livro decisivo para a nossa modernidade literária, A Noite e o Riso, 1969, que alia a experiência surrealista a certas tendências do «nouveau roman» francês, desenvolvendo uma experiência pessoal de educação e boémia.
Notabilizou-se como romancista (Square Tolstoi, 1981) e como contista (Estação, póstumo), tematizando a inquietação humana através da deambulação urbana, política, militante e erótica, e insistindo na componente social da desarticulação íntima dos valores e dos sentimentos.
Estou sentado num dancing e tenho a mão. Ainda em volta de uma bebida de pressão de ar.
Às vezes, acontece num sítio destes e em hora assim que o pecado original se derreteu num shaker, acabando-se a mortalidade infantil e a Polícia. Sinto essa harmonia. Por cima dos ombros cansados, como um xaile da leveza dum suspiro de gato. Pelas luzes das mesas e fumo nos olhos trotam as mais certeiras notas de piano.
A Noite e o Riso (excerto)
© Instituto Camões, 2001